Plástico – história completa, composição, tipos e reciclagem
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A história do plástico pode ser melhor contada quando começamos pela sua definição: “plastikos”, palavra de origem grega que significa “que pode ser moldado”. Hoje ele é sinônimo também de praticidade, preço baixo, acessibilidade e, infelizmente, problemas ambientais, já que é um dos materiais mais difíceis de serem biodegradados, e, por isso mesmo, um transtorno do ponto de vista ambiental.
Sua origem (como conhecemos hoje) data de 1920, no entanto, foi em 1860 que começaram as primeiras pesquisas que resultaram na sua invenção e produção em massa.
Foi por meio dos estudos do químico e inventor inglês Alexander Parkes (1813-1890) que se descobriu no Nitrato de Celulose a base para uma das maiores invenções de todos os tempos, apelidada de “Parkesina”, e que consistia num material altamente flexível, impermeável e com características de opacidade.
O Nitrato de celulose (o início da história do plástico) é um composto formado por ácido nítrico em altas concentrações e celulose extraída da madeira.
Na verdade, ele foi descoberto em 1846 e já impressionava pela facilidade com que podia ser derretido (o que facilitava a sua transformação em vários outros materiais) e dissolvido, mas também pela sua característica de inflamabilidade.
Em 1862, Parkes teve a oportunidade de apresentar o “seu” Nitrato de Celulose pela primeira vez, por ocasião da “Great London Exposition”, ou Exposição Internacional de Londres (que expunha novidades da tecnologia, indústria e artes plásticas).
Mas foi o inventor norte-americano John Wesley Hyatt (1837-1920) que não perdeu tempo em apresentar (ainda em 1862) um outro material feito à base do Nitrato descoberto por Parkes.
Tratava-se da “celuloide” (considerado o primeiro plástico como conhecemos atualmente), que ele apresentaria num concurso na cidade de Albany (capital de NY, EUA), organizado pelas indústrias PhelanandCollander, interessadas em produzir bolas de bilhar com outro material que não fosse o marfim.
Não é difícil imaginar que material Hyatt ofereceria como solução para a produção das bolas de bilhar: a celuloide! (feita à base de Nitrato de Celulose), que, apesar de não ter tido muito êxito com as bolas de bilhar (exatamente por ser altamente inflamável e ter provocado inúmeros acidentes na época), abria o caminho para a sua utilização, mais tarde, na fabricação do plástico moderno.
Hyatt não tinha dúvidas de que estava diante de um material que revolucionaria a indústria, tanto que em 1872 fundou a Albany Dental Plate Company, que, como o nome indica, era uma fábrica especializada em materiais para o ramo odontológico – o primeiro segmento a utilizar a celuloide (o plástico moderno) como base para os materiais que utilizaria em seu dia a dia.
Mas a história do plástico não se resume a isso, pois, em 1920, Hermann Staudinger (químico alemão) descobriu a estrutura molecular do plástico (um novo avanço!), que, basicamente, é um polímero ou composto formado por macromoléculas que formam uma espécie de cordão, cuja unidade essencial é o “mero”.
Mais tarde, essa descoberta possibilitaria a criação de materiais como o PET, poliestireno, nylon, poliéster, entre outros materiais semelhantes.
Já nos anos 30 muita coisa havia se passado, e o plástico agora era uma realidade! Foi quando surgiu, pela primeira vez, na Alemanha (1936) – e com base nos estudos anteriores –, o “poliestireno” (um homopolímero produzido pela polimerização do estireno), fabricado a partir do benzeno e do eteno.
Esse material seria responsável por uma importante revolução na indústria e na história do plástico, principalmente em 1949, com a fundação da Bakol S.A., em São Paulo, no Brasil (considerada a primeira fábrica de poliestireno do planeta).
A marca seria fundamental para os estudos do empresário Frank Henry Lambert, que o utilizaria como uma das matérias-primas para a sua empresa, especializada em chapas de metal decorativas e, mais tarde, joias e relógios com uma sofisticação até hoje reconhecida.
Em meados dos anos 40, o plástico já estava consolidado no dia a dia das pessoas – substituindo, muitas vezes com louvor, outros materiais, como: couro, metal, lã, vidro etc., tornando os produtos mais baratos, acessíveis, práticos e fáceis de serem manipulados.
Estava, pois, aberto o caminho para a produção de materiais descartáveis, brinquedos, objetos de lazer, eletroeletrônicos, eletrodomésticos e, obviamente, do PET (desenvolvido pelos cientistas ingleses John RexWhinfield e J.T. Dickson a partir de 1941).
O PET (sigla para Polietileno Tereftalado) hoje é considerado, simplesmente, um sinônimo de garrafas, vasilhames e embalagens plásticas baratas e práticas, chegando à produção de quase meio milhão de toneladas desse material em meados dos anos 80, só nos EUA.
Qual a composição e quais os tipos de plásticos?
Por ser um material derivado do petróleo, os plásticos, além de possuírem uma história ligada ao segmento petrolífero, caracterizam-se por serem bastante inflamáveis e, principalmente, de difícil biodegradação.
Eles também apresentam-se de vários formas: rígidos, maleáveis, opacos, translúcidos, fáceis ou difíceis de derreter pela ação do fogo, entre outras características que permitem inúmeras utilizações e os tornam capazes de servir como matéria-prima para quase todos os produtos existentes no mercado.
Quanto às suas características relacionadas à capacidade de fusão, amolecimento pelo fogo e reciclagem, eles são divididos em: termoplásticos, termorrígidos e elastômeros.
Os termoplásticos caracterizam-se pela sua capacidade de fusão, derretimento sob a ação do fogo, por serem facilmente dissolvidos pelos mais diversos tipos de solventes químicos e também pelo seu valor para a reciclagem. Essa última característica é que os torna os mais populares entre os diversos tipos de plásticos utilizados na indústria no comércio, e, por isso mesmo, responsáveis por quase 80% de toda a produção.
Já ostermorrígidos (também conhecidos como termofixos), ao contrário dos primeiros, são bem mais inflexíveis, fáceis de serem quebrados e – talvez sua principal característica – bastante resistentes à ação do fogo. Eles não derretem facilmente sob a sua ação e, por isso, dificilmente são utilizados para a reciclagem.
Especificamente com relação a isso, a alternativa que lhes resta é a sua trituração e incorporação em outros materiais, como forma de ao menos reutilizá-los, mesmo que não possam ser transformados em outros produtos, como acontece com os termoplásticos.
Por fim, os elastômeros. Esses são materiais com algumas características dos termoplásticos e dos termorrígidos, pois, apesar de também não serem ideais para a reciclagem (já que não são facilmente fundidos,pois a ação do fogo desagrega facilmente a sua estrutura), possuem flexibilidade e pouca rigidez, como os termoplásticos. Essa característica, ao menos, permite a sua utilização como matéria-prima para um número maior de produtos.
1. Termoplásticos
- Polietileno tereftalados (PET) – Definitivamente, os plásticos já fazem parte da história da indústria de bebidas, seja como matéria-prima para a fabricação de garrafas de sucos e refrigerantes, embalagens de cosméticos e de produtos de limpeza ou mesmo como fibras para a produção de sacolas.
- Polietileno de alta densidade (PEAD) – Esse tipo de plástico é muito utilizado para a fabricação de mangueiras, conduítes, embalagens para cosméticos, frascos para produtos químicos, acabamento de tanques de combustíveis, entre outros.
- Polietileno de baixa densidade (PEBD) – Sacos de lixo, de supermercados, rótulos de produtos, embalagens de alimentos, lonas utilizadas no setor agrícola e insulfilmes são algumas das aplicações do PEBD.
- Polipropileno (PP) – O polipropileno é muito utilizado na indústria automotiva, para embalagens de margarinas, massas, biscoitos, instrumentos cirúrgicos, fibras têxteis, entre outros.
- Policloreto de vinila (PVC) – O famoso PVC já até virou sinônimo de tubulações hidráulicas, sendo essa a sua grande utilidade. Mas também serve como matéria-prima para garrafas de água mineral, revestimento de fios elétricos, instrumentos médicos, outros tipos de revestimentos e muito mais.
2. Termorrígidos
- Poliuretanos (PU) e Poliacetato de Etileno Vinil (EVA) – São utilizados em solas de sapatos, peças de eletroeletrônicos, objetos de cozinha, objetos de decoração, telefones, entre outros.
- Baquelite – Resina sintética muito útil para a fabricação de tomadas, cabos elétricos, na Metalografia etc.
- Poliéster – Serve como reforço para caixas d’água, piscinas, carrocerias, indústria têxtil e diversas outras aplicações.
3. Elastômeros
Podem ser resumidos em borrachas, pneus, mangueiras, materiais para vedação, componentes de estofados e para todo o tipo de utilização semelhante.
Qual o impacto do plástico nos principais ramos de atividade?
1. Construção civil
Na área da construção civil, o plástico possui uma história de inovação na engenharia, arquitetura, parte elétrica e hidráulica, comunicação, materiais, EPI’s, entre outros setores desse segmento.
Eles se beneficiam com a sua durabilidade, baixo custo, fácil manuseio e utilização, praticidade, entre outras características que o tornaram uma ferramenta indispensável nesse setor.
2. Indústria Têxtil
Outro segmento a beneficiar-se sobremaneira com a introdução do plástico no seu dia a dia é a indústria têxtil, principalmente pela utilização das fibras sintéticas.
Elas são bem mais duráveis, resistentes, capazes de diversificar as peças do vestuário (masculino e feminino) e ainda com a vantagem de poderem ser recicladas e, consequentemente, reaproveitadas, tornando-as matérias-primas baratas para a confecção de novos produtos.
3. Área de saúde
De acordo com o estudo “Análise de polímeros para o mercado médico por produto e por segmento para 2020”, realizado pela empresa de consultoria norte-americana Grand ViewResearch, as exigências pelo plástico nesse setor serão da ordem de 7,15 mil toneladas em 2020, movimentando pouco mais de 17 bilhões de euros.
Essa movimentação será para a fabricação de bolsas de sangue, seringas, fraldas geriátricas, pisos de PVC, preservativos, próteses, cateteres, entre uma infinidade de outras aplicações.
4. Setor automotivo
Aerodinâmica, acabamento, parte mecânica, tanque de combustível. Não há compartimento de um automóvel onde os polímeros não figurem como parte fundamental da sua estrutura.
É praticamente um consenso a opinião de que esse material é incomparável quando se trata de segurança, design, detalhes de acabamento, leveza, resistência às intempéries, entre outras qualidades essenciais.
5. Setor alimentício
A história do plástico também se confunde com a do setor alimentício, pois estima-se que esse setor absorva cerca de 40% de todo o plástico produzido no mundo, dentre outros motivos, pela sua utilização como embalagem e para o transporte de alimentos.
De acordo com especialistas, são vários os seus benefícios: aumenta a vida útil do produto embalado, evita a contaminação por fungos e bactérias, sem contar a sua utilidade para a agricultura.
6. Indústria da tecnologia
Leveza, fácil manuseio, baixo custo de fabricação, aumento da produtividade, e, consequentemente, um menor preço final para os consumidores dos produtos. São apenas alguns dos benefícios do plástico, com sua história singular de evolução tecnológica dentro do setor de telecomunicações no país.
Qual a importância da reciclagem?
Apesar de um movimento que vem se espalhando pelo mundo nos últimos tempos, alertando para a importância da reciclagem dos resíduos produzidos pelo homem, segundo estimativas da ONU, calcula-se que cerca de 8 milhões de toneladas de plástico ainda sejam lançadas, anualmente, nos oceanos, causando a morte de inúmeras espécies marinhas e, consequentemente, contribuindo para o desequilíbrio ambiental.
Apesar do fato de que o plástico tem uma história muito ligada ao progresso científico, e com contribuição inegável para a indústria, o simples fato de ser um material de difícil biodegradação (pode levar até séculos para ser destruído pela natureza), por si só, já serviria como um sinal de alerta para a importância da reciclagem, reutilização e redução do consumo de um modo geral.
Pensando nisso, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, lei nº 12.305, Decreto 7.404/2010, criou a ideia de “responsabilidade compartilhada”, com o objetivo de unir governo, indústria e população em um mesmo objetivo: o descarte responsável dos resíduos sólidos e o retorno desses resíduos (Logística Reversa) para a indústria, para que se encarregue de utilizá-los como matérias-primas para a fabricação de novos produtos.
E, para tornar esse processo ainda mais claro, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico identificou os mais indicados para o processo de reciclagem. São eles:
- Tereftalato de Polietileno (PET) – O plástico mais utilizado na indústria e responsável por mais de 4/5 de toda a produção de plásticos no mundo.
- Polietileno de Alta Densidade (PEAD) – Matéria-prima para a fabricação de tampas de cosméticos e demais produtos para limpeza.
- Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) – Muito comum na fabricação de embalagens de produtos.
- Polipropileno (PP) – Plástico muito utilizado na indústria e construção civil para a fabricação de brinquedos, canudos de bebidas, proteção de peças automotivas, tubulação para a saída de efluentes industriais etc.
- Policloreto de vinila (PVC) – Bastante conhecido por ser a matéria-prima dos “tubos de PVC”, mas também usado para embalagens com maior rigidez, cones de sinalização, entre outras utilizações.
Esse foi o nosso resumo da história e importância do plástico nos dias atuais. Mas, caso queira acrescentar algo mais a esse artigo, deixe um comentário, logo abaixo. E continue acompanhando as nossas publicações.
Publicado em: 17/05/2018
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